21.6.08

 

Regressei.
Parece estar tudo alinhado: a cama ao centro, à volta os móveis dispostos em U, uma janela enorme com uma vista linda sobre um jardim cheio de margaridas. No tecto estrelas iluminam-se quando a luz se apaga. Um quadro de cortiça mostra alguns momentos fotográficos bem passados. Sorrio.
Conheço o meu quarto, é um espaço agradável, mas não me revejo nele. Acho que por mais que disponha os meus objectos sobre a cómoda e, por mais que pendure os meus casacos no velho armário; nada me vai pertencendo deste espaço.
O meu quarto é a visão da minha infância, as paredes que sempre vi, nos dias bons e maus... Os dias em que via as margaridas lá fora, e os outros em que só via as nuvens feias.
Acho que já nada disto me pertence. Ou talvez nunca tenha.
Quando se deixa um espaço durante algum tempo, deve ser isto que acontece… ele deixa de reflectir a nossa imagem… porque se desabituou da nossa presença modeladora.
Sair de casa e voltar, mudou tanto em mim como inalterou o meu quarto. Ele, permaneceu intacto, com os meus objectos de outrora, que também já não me pertencem. Nem mesmo o espelho conhece a imagem que reflecte – está baço de ver a cama sempre impecavelmente feita e as almofadas alinhadas – sempre as mesmas – à espera do meu regresso.
(Ou talvez este espaço não tenha que ser uma extensão minha…)
 
 
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música: chuva - mariza
linkPor AngKorVat, às 22:24  manifestações (2) manifestar-se

 
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algumas imagens inseridas neste blog foram retiradas da internet. elimino-as a pedido do autor.
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